Somos considerados homens racionais, porém até que ponto usamos a nossa racionalidade? Desenvolvemos a tecnologia como jamais fizeram as gerações passadas, o nosso convívio em sociedade é fonte inesgotável de pesquisa, discussão e conhecimento; e ainda não somos tão felizes. Deveríamos ser felizes? Qual é de fato o objetivo da nossa existência?
Estudamos muitos só para admitir o quanto ainda precisamos aprender, levar outras questões da humanidade nas pesquisas de nossos ancestrais, chegar mais perto a compreender como chegamos aqui e sermos mais conscientes a aonde desejamos alcançar.
Sapiens: Uma breve história da humanidade traz esta reflexão enquanto apresenta compilados de estudos científicos sobre a única espécie humana sobrevivente. Publicado em 2015, analisa desde a nossa origem como espécie até o momento da publicação, além de trazer provocações quanto ao futuro.
Yuval Noah Harari é doutor em história formado na universidade de Oxford. Uma de suas linhas de pesquisa analisa a relação entre a história da humanidade e a biologia, esta abordada neste livro.
Não existe um único estilo de vida natural aos sapiens
Difícil dizer em poucas palavras quais pontos Harari discute sobre a humanidade em Sapiens, pois abrange vários aspectos do desenvolvimento da espécie. Das nossas estratégias de sobrevivência a formação da sociedade e o funcionamento de nossas crenças (nem sempre relacionadas a religião), usa as fontes bibliográficas de conceitos já formados e das informações ainda inexatas, sejam pelas limitações da pesquisa vigente ou ausência de determinados pontos de vistas sobre o mesmo estudo.
O livro começa a contar do surgimento do Homo sapiens e as possíveis interações com as outras espécies humanas, como os neandertais. Os próximos capítulos saem da ordem cronológica, pois pegam conceitos atuais e seleciona momentos históricos para analisar como chegamos a este contexto.
Sapiens tem muitas provocações quanto a se realmente nos aprimoramos como espécie, apesar das melhorias na sociedade e tecnologia. Questões de crenças e rotinas entram em contraste com as necessidades do nosso organismo para se manter saudável. Prosperamos em situações abstratas, baseamos nossa sobrevivência em contextos ficcionais impregnados, como a concepção de empresas e estados. Diminuímos o número de mortes, reduzimos doenças, podemos até impedir a morte pela velhice e nos tornar amortais no futuro. E as perguntas persistem: o que a humanidade deseja? Somos felizes graças a esses avanços?
É vital fazer perguntas às quais não há respostas
A linguagem do livro é bastante acessível, ainda mais se tratando da abordagem científica em todo o texto. Toda a bibliografia utilizada é citada, e o autor é honesto ao dizer das limitações dos estudos vigentes e na possibilidade de não conseguir responder tal pergunta.
Divide-se em capítulos fragmentados com subtítulos. Há ainda divisões sutis no decorrer do texto, uma frase chamativa no começo do parágrafo incita a leitura sobre o assunto a discutir nas próximas linhas. Apesar de estimular o interesse, a repetição desta técnica deixa ela explícita, com risco de soar banal ao leitor atento e diminuir a intensidade do efeito desejado.
Harari finaliza Sapiens com um questionamento que extrapola o contexto do livro e soa mais como propaganda sobre o próximo livro do que uma discussão científica. Apesar da seriedade das informações e o resumo destas no final como justificativa, houve apelo ao livro como marca a ser vendida da próxima obra já disponível, o Homo Deus. Pelo menos atingiu seu objetivo, pois estou interessado nesta continuação e até já comprei o livro.
0 Comments
3 Pingbacks